“Direção de fotografia deve ser simples, mas nunca fácil” é como define o próprio trabalho o diretor de fotografia brasileiro Ivan Rodrigues que divide seu tempo entre Los Angeles, onde morou nos últimos 4 anos, e São Paulo onde mora atualmente. Seu último trabalho no longa metragem Singapore Sling foi motivo de artigos em renomadas revistas de cinema independente de LA, a razão desse sucesso? “Simplicidade e dificuldade” segundo o próprio Ivan.
“Projeto Singapore Sling nasceu já muito ousado, no meu primeiro convite pro projeto feito pelo produtor Neto Pimenta e o Diretor Marcos Sigrist eu já percebi que estávamos todos em sync. Ninguém queria um filme fácil de fazer e convencional, todos nós estávamos prontos pra criar desafios”
Foi assim que surgiu a linguagem visual do Singapore Sling que foi filmado em 11 planos de 9 minutos cada em média e levou 7 diárias de filmagem pra nascer. O filme todo foi feito com uma só lente (uma Cooke S4mini 25mm) e todo em Steadycam. Ivan escolheu a BlackMagic 4K que ja havia trabalhado varias vezes e sabia do poder da compressão do RAW em 16bits e como isso o daria margem na correção de cor.
“O filme foi iluminado apensas com espelhos rebatendo luz natural. Nossa equipe era minúscula. Eu dei ao Bruno , nosso gaffer, uma pilha de espelhos e ele topou o desafio. Usamos uma Black Magic 4K que no final me deu uma certa dor de cabeça com as baixas luzes e os padrões de ruído. Eu mesmo fiz a correção de cor do filme onde aproveitei pra usar um método novo que aprendi com o Warren Eagles, o resultado ficou bem legal e a profundidade de cor da câmera surpreendeu mais uma vez.”
O maior motivo das matérias nas revistas e blogs sobre o filme foi a construção do Car Mount que Ivan desenhou pra esse filme. Apelidado de traquitana o equipamento fez o plano de 10 minutos que abre o filme se movendo ao redor de um carro em movimento enquanto o casal protagonista tem uma discussão.
“Esse foi um dos maiores desafios nossos. Eu não queria abrir mão da linguagem e ir com a câmera na mão, queria manter a câmera movendo mas de forma fluida. Simplesmente não havia como, não existia equipamento que fizesse o que eu queria. Por isso decidi fazer eu mesmo..”
O resultado final foi uma traquitana de madeira acoplada ao carro de cena que girava a câmera ao redor do carro, controlada por um sistema de polias e com um operador no porta malas do carro. Tudo feito por mais ou menos 300 reais.
O pequeno making of publicado no final da filmagem recebeu mais de 10 mil visualizações e mostra um pouco da traquitana e dos outros desafios que eles enfrentaram na filmagem. Disponível agora com legendas.
“espero que as pessoas gostem do Singapore Sling e que meu trabalho tenha aumentado o poder da história. No final todas essas ferramentas que usamos têm o objetivo de se fazerem invisíveis, não é pra elas que devemos olhar, e sim pra história”
Bastidores:
Trailer:
Puta gambi!!!! que vergonha alheia disso.
Um verdadeiro desafio conseguir produzir com tão pouco recurso humano um material como este. Parabéns à todo time envolvido.